Há alguns casos, na música, que nunca conseguiremos entender, como é o caso da peça Asturias, do compositor e pianista Isaac Albéniz.
Principal nome do movimento nacionalista espanhol, Albéniz foi um pianista virtuoso da era pós-romântica, sendo grande influenciador de seus contemporâneos e dos jovens compositores da época. É da sua paixão pela Espanha que compõe a sua famosa Asturias.
Composta no inicio dos anos 1890, sua obra foi originalmente escrita para piano e explora o ritmo do flamenco da região de Andaluzia. Albéniz nessa obra é arrojado ao explorar os rasgueados do violão flamenco em seu piano, nos remetendo a uma viagem as terras espanholas. O seu primeiro tema surge num som baixo, hipnotizador, aumentando a sua intensidade até seu fortíssimo enérgico, característico da música daquela região. Já o seu segundo tema é inesperado, delicado, sublime, misterioso, com pequenos elementos simples e singelos que nos remete ao primeiro tema da música, até genialmente se conectar novamente ao inicio do primeiro tema e seguir para a energia musical que o flamenco possui.
A tentativa de Albéniz em buscar a sonoridade do violão em seu piano, chama a atenção do grande mestre violonista espanhol, Andres Segovia, que escreve uma transcrição para o seu instrumento, tornando Asturias uma das principais peças virtuosísticas do repertorio do violão erudito, fazendo todos esquecerem, ou até mesmo nunca imaginarem que Isaac Albéniz foi pianista. Fato esse que me faz pensar se o compositor houvesse escrito a obra originalmente para violão, alcançaria o mesmo sucesso.
Deixo, abaixo, a versão original para piano e a transcrição para violão, para que os leitores apreciem e comentem a sua opinião sobre a música! Preparem uma xícara de café e viagem aos sons da riquíssima cultura espanhola.
Bibliografia:
Clark, Walter Aaron. Isaac Albeniz: Portrait of a Romantic. Oxford, 1999.
Fontes da imagens: