Composta em 1824 por Ludwig van Beethoven, a Nona Sinfonia é uma das obras mais importantes do repertório clássico ocidental.
Talvez o aspecto que mais nos chame a atenção nessa música, é a presença do coral. Essa foi uma das primeiras vezes em que um coro teve uma participação tão grandiosa em uma obra sinfônica, causando um grande impacto sonoro, em que orquestra e vozes não se confrontam, mas se somam e dialogam de igual para igual, no mesmo nível de importância.
A obra foi composta após a fase mais turbulenta da vida de Beethoven, que começou em meados de 1816. A essa altura, Beethoven já estava com sua audição bastante comprometida, o que o levou a uma crise composicional muito forte, obrigando-o a ficar algum tempo sem compor absolutamente nada, restrito apenas ao seu mundo interior.
Ironicamente, podemos dizer que, foi graças à surdez e à sua prodigiosa mente que Beethoven conseguiu se libertar cada vez mais das limitações do mundo dos sons, e isso pode ter contribuído para essa música surpreendentemente nova, que testou os limites da compreensão da época.
Outro ponto que torna a obra ainda mais valiosa é o uso de trechos do poema “Ode à Alegria” – “Aun die Freude”– de Friedrich Schiller (1759-1805), respeitado escritor e filósofo alemão. Esse poema se trata de uma utopia de mundo e de sociedade, representada por cordialidade e solidariedade, prerrogativas também amadas pelo compositor. O texto então é utilizado por Beethoven no último movimento da obra e é cantado pelos solistas e pelo coro, com grande júbilo e exaltação, fazendo jus ao teor do próprio poema.
Segundo palavras do próprio compositor:
“As poesias de Schiller são de grande dificuldade para os músicos, pois devem saber elevar-se muito acima do poeta.”
Essa sinfonia foi um marco para muitos compositores depois de Beethoven, como Liszt e Wagner, que ampliaram suas percepções musicais, estudando-as e refletindo sobre as inovações realizadas pelo grande mestre.
A 9ª Sinfonia detém um lugar tão especial dentro da história da música que, para um músico e até mesmo um leigo, após ouvi-la e apreciá-la, fica difícil entender o que seria dos demais compositores pós-Beethoven se essa obra não existisse.
Pegue uma xícara de café e se delicie geniosamente ao som dessa música que se tornou um hino da alegria, da liberdade e da celebração.
Bibliografia:
CARPEUX, Otto Maria: O Livro de Ouro da História da Musica, 2001.
MEDAGLIA, Julio: Música, Maestro, 2008.
Fonte da imagem:
https://m.folha.uol.com.br/ilustrada/2017/04/1871623-biografia-mostra-que-beethoven-vivia-percalcos-dos-musicos-atuais.shtml