Nossa personalidade musical é simplesmente uma das coisas mais inexplicáveis que existe. Recordo-me que na infância, todo domingo de manhã assistia à Formula 1 e torcia para o heptacampeão Michael Schumacher subir ao pódio, apenas para escutar o hino alemão. Aquela melodia me encantava e fascinava.
Composto pelo importantíssimo compositor austríaco do período clássico, Joseph Haydn, ele escreveu o seu quarteto de cordas intitulado “Deus Salve o Imperador Francisco” para Francisco II, do Império da Áustria.
Com a Áustria ameaçada pelas tropas francesas de Napoleão Bonaparte, os sentimentos de patriotismo dos austríacos cresceram, e Haydn percebeu que a sua nação não possuía um hino de respeito, amor e reverência a seu governante, como a Inglaterra possuía o seu canto de “Deus Salve a Rainha”.
Inspirado pelos ingleses, o compositor pediu ao poeta Lorenz Haschka para criar uma poesia que instigava a devoção do povo a seu líder, encorajando-os ao combate.
Haydn adaptou a melodia ao poema e sua primeira apresentação aconteceu no aniversário do imperador em 1797. Após a morte de Francisco II em 1835, a letra sofreu diversas modificações, se adaptando às exigências dos seus sucessores, e permanecendo a melodia oficial até o colapso do Império em 1918.
Após algumas décadas, o poeta nacionalista alemão, August Heinrich Hoffmann von Fallersleben, inspirado pelo momento político vivenciado pela Alemanha na época, decidiu adotar a melodia do quarteto de Haydn para seu novo poema, pedindo unidade ao povo alemão.
A sua canção adaptada ganhou grande popularidade, sendo o seu primeiro verso oficializado em 11 de agosto de 1922 como o hino nacional alemão pela República de Weimar.
Durante o período nazista, o seu primeiro verso ganhou conotações infelizes, sendo mal interpretado por alguns como uma reivindicação a hegemonia mundial alemã, sendo assim banido por um tempo após a Segunda Guerra Mundial.
Em 1951, foi restaurado pela Alemanha Ocidental, e após a reunificação do país, em 1991, foi declarado o terceiro verso do poema de Hoffmann como hino da Alemanha.
Como disse, nossa personalidade musical é incrível, pois quando criança não fazia idéia de que Haydn seria o autor daquela melodia que me encantava, e quando adulto, demorei a descobrir que o compositor que mais adoro escutar e estudar seria o compositor do hino que mais me comove até os dias de hoje!
Peguem uma xícara de café e se deliciem com a melodia histórica do grande mestre e professor de Mozart e Beethoven: Joseph Haydn.
Bibliografia:
Geiringer, Karl. Haydn: A Creative Life in Music. Paperback, 1992.